No Dia Mundial da Rádio, que se celebra a 13 de fevereiro, o Correio da Região quis conhecer como é a relação das rádios locais da região com o online. Será que o digital veio prejudicar ou potenciar o trabalho das rádios locais?

Apesar de estarem confinadas a uma determinada região, o digital está a ajudar a expandir o trabalho das rádios locais, que podem ser ouvidas em qualquer parte do mundo. Pode-se então dizer que o digital está a criar uma maior proximidade entre a estação e os ouvintes. Existem mais de 200 rádios sediadas no distrito de Lisboa, divididas entre rádios nacionais e rádios locais e todas elas têm presença no online.

“As rádios locais estão em força na internet”, diz Associação Portuguesa de Radiodifusão

Questionada se a oferta de conteúdos online vem prejudicar o trabalho das rádios locais, a Associação Portuguesa de Radiodifusão (APR) nega e diz que o digital tem um papel cada vez mais importante na promoção das rádios locais e do seu trabalho. “Cada vez ouve-se mais rádio em Portugal e a programação de proximidade é muito preferida”, diz ao Correio da Região a diretora de serviços da APR, Sandra Reis.

A representante da APR acrescenta ainda que é importante que as rádios locais desenvolvam a sua grelha de programação para o digital, de forma a que margem de progressão seja “bem maior”. Ao mesmo tempo, acrescenta, está a haver cada vez mais uma maior propensão para ouvir rádios locais, cujo trabalho de proximidade é cada vez mais valorizado pelos ouvintes e cada vez mais procurado na internet.

Rádio digital tem custos muito mais baixos do que a rádio tradicional

“Como se sabe o FM das rádios locais é de potência reduzida, quando comparado com as emissoras nacionais. Portanto, a relação custo-benefício é neste momento prejudicada em relação à Internet”, acrescenta Paulo Ferreira de Melo, diretor da Rádio Ribatejo, que existiu até 2017 em formato FM e que passou a ser exclusivamente online em 2019.

Questionado sobre os motivos que levaram a esta decisão, o também jornalista apresenta como vantagens a ausência da necessidade de se ter um emissor em FM, cuja manutenção se torna “proibitiva com o aumento dos preços da energia”. Para além disso, “a rádio digital consegue chegar até onde as rádios em FM não conseguem chegar e consequentemente conseguem captar mais audiência”.

Ao contrário do que acontece com as estações em FM, a criação de uma estação de rádio online não está sujeita aos mesmos procedimentos legislativos e regulares. Por isso, criar uma rádio digital acaba por se tornar menos burocrático do que as restantes, o que leva a um aumento da aposta neste tipo de distribuição.

A presença no online acaba por atenuar outra das ameaças das rádios locais tradicionais: “a concorrência desigual” das rádios de âmbito nacional, como refere a APR. No entanto, e como Paulo Ferreira de Melo faz questão de realçar, “a passagem para o online tem custos e mais investimentos e que o mercado publicitário local não acompanha”.

Digital permite maior abrangência

A nova rádio Ribatejo, parceira do Correio da Região, tem os estúdios localizados em Aveiras de Cima, após mais de uma década a emitir a partir de Azambuja. “As audiências são muito animadoras e já batem os números da antiga Ribatejo FM”, acrescenta o jornalista, com uma vasta experiência no meio radiofónico.

Questionado se a passagem para o meio digital implicou a perda da proximidade com os ouvintes, Paulo Ferreira de Melo diz que isso nunca se verificou e considera que o online ajuda a “aumentar a abrangência” da estação, em comparação com o trabalho que era feito no FM. No entanto, a estação continua a divulgar notícias de âmbito regional e programas de autor.

“A Rádio Ribatejo agora é de todo o Ribatejo, de Constância a Alverca. E assim, tanto estamos em Vila Franca de Xira, como em Santarém, como em Benavente”, acrescenta o diretor da Rádio Ribatejo, realçando que a estação conta, atualmente, com cerca de dois mil ouvintes “fiéis”, e provenientes de todo o mundo.