Ana Cláudia Santos, de 25 anos, é natural de Benavente e é uma das 10 finalistas do concurso New Talent, promovido pela revista digital NIT. A jovem escritora esteve à conversa com o Correio da Região, onde partilhou o seu percurso ligado à literatura. Ana Cláudia falou ainda da falta de apoios à cultura e aos novos escritores em Portugal, e, por isso, quer ganhar o concurso para investir na sua obra.
Correio da Região: Como começou a paixão pela escrita e pela poesia?
Ana Cláudia Santos: Desde a minha infância sempre fui uma criança bastante curiosa e pensativa. Como na escola era bastante tímida, isso fez com que passasse muito tempo sozinha, a pensar, a sonhar, e a questionar. Lembro-me de escrever histórias bastante novinha, e de também adorar fazer composições porque podia usar a imaginação. Na minha infância também li Harry Potter, que foi o meu primeiro contacto com uma séria de livros infantojuvenis. Sei que a saga foi a maior influencia que poderia ter tido, e foi isso que me levou a sonhar ser escritora. Ao longo dos anos comecei a ler outros livros e continuei a escrever. Ao longo do tempo fui percebendo que me conseguia expressar melhor na poesia do que no texto narrativo. A poesia é livre, e lá posso ser quem quero, da forma que desejo.
No que te inspiraste para escrever esta obra, Meia Vida? É o teu primeiro livro?
“Meia-Vida” é um conjunto de poemas que criam uma história com a linha cronológica misturada. Este livro nasceu da junção de alguns poemas que já tinha escrito, com novos que complementam a história. É o meu primeiro livro físico, mas anteriormente já tinha lançado um e-book, chamado “Poemas Místicos”, em que juntei poemas com um tema esotérico para celebrar o Dia das Bruxas. Penso que a maior fonte de inspiração para o “Meia-Vida” foi a minha infância e a forma de como esta afetou quem sou hoje – ainda hoje continuou com as mesmas perguntas sobre o mundo e com as mesmas dúvidas existenciais.

Para além dos livros, ainda promoves sessões de poesia através do projecto LUA. Qual tem sido a receptividade?
Tem sido ótima. No início, em 2017, ainda não conhecia muito poetas nem jovens escritores, mas com o passar do tempo, e com muita sorte, fiz amizades com outros jovens poetas de outros grupos de poesia, e também com muitos outros através das redes sociais. Percebo agora que a poesia é algo em que se deve realmente apostar, pois existem cada vez mais jovens a quererem mostrar o seu trabalho poético.
Consideras que, nos dias de hoje, os jovens estão menos interessados em literatura?
Penso que o interesse está a crescer, pelo menos dentro de alguns círculos. Cada vez vejo mais estilos diferentes de jovens a irem às sessões de poesia, o que é ótimo.
O que pensas dos apoios públicos à cultura? Consideras que deveriam ser dados mais apoios aos novos escritores?
Pelo menos até agora não consegui ter acesso a nenhum apoio cultural. Sim, penso que deveria ser dado mais apoio a jovens escritores, assim como a qualquer outro tipo de artista. No caso dos escritores, é para nós complicado entrar no mercado editorial, pois este é um meio que serve para vender. Por isso, temos de ser nós a fazer os nossos próprios livros e edição, e sai tudo do nosso bolso.
Consideras que essa falta de apoios à cultura desmotiva os novos escritores?
Acredito que desmotive um pouco, mas não é por isso que deixamos de lutar. Aliás, o que não nos falta é vontade de fazer acontecer, seja em forma de eventos ou criação de livros.
És uma das 10 finalistas do concurso New Talent da revista NIT. Porque queres ganhar o concurso?
Concorri como poeta, com os meus poemas “Para Além da Vida”, “Antiquário” e “Terra-a-Terra”. O vencedor deste concurso recebe um prémio monetário para desenvolver o seu projeto artístico. Hoje em dia o poeta em Portugal precisa da oportunidade de investir de forma refletida e estratégica na sua carreira. Com o prémio deste concurso poderia investir de uma forma mais livre nos meus próximos livros, desde o processo de criação, edição, revisão e ilustração, à publicidade, marketing e lançamento.
O outro investimento a fazer seria no desenvolvimento do projeto de eventos poéticos “LUA”, com o qual quero continuar a organizar sessões de poesia em Lisboa e em Portugal. Com o “nicho” da poesia a crescer cada vez mais no nosso país, acredito que os poetas (principalmente os emergentes) precisam de sítios e de oportunidades de serem ouvidos e recompensados pelo seu trabalho. Com este prémio, seria possível alugar um espaço físico, aumentar e consolidar a minha equipa de uma forma mais sustentável, de modo a dar vida a estes eventos, com os quais sonho poder dar retorno monetário aos poetas participantes.
Para além da poesia, o que mais gostas de fazer nos tempos livres?
Adoro pensar, passear, explorar e observar o mundo à minha volta. Sou obcecada por pormenores da natureza, desde o sol, o céu, aos detalhes mais ínfimos das árvores e das flores.
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