A Associação de Jovens de Samora Correia (AJSC) inaugurou este sábado, dia 4 de setembro, a Ludoteca SamoraJogar. O Correio da Região esteve presente na inauguração e desvenda-lhe os pormenores desta abertura.

O arranque da Ludoteca SamoraJogar, a primeira a ser implementada no concelho de Benavente, esteve inicialmente agendado para o dia 17 de julho, mas o aumento de casos de Covid-19 no concelho e na região ditaram que a AJSC tomasse a decisão de adiar a tão desejada abertura, mas este sábado o desejo concretizou-se.

Pouco passava das 09h30m quando se abriram os portões do Palácio do Infantado, em Samora Correia, o local escolhido para a implementação do projeto. No interior, a equipa de voluntários ultimava os preparativos e, entre algum nervosismo inicial, recebia os primeiros jogadores que, em família ou num grupo de amigos, vieram conhecer o novo projeto lúdico e social da cidade.

A Ludoteca dispõe de sete mesas, quatro no jardim exterior e três no interior do Palácio e estão a ser cumpridas as normas de higiene e segurança implementadas pela organização. Cada mesa é acompanhada por um ou mais voluntários que explicam os passos de cada jogo e, pelo meio, ainda dão algumas dicas que ajudam os jogadores a definirem a melhor estratégia para serem bem-sucedidos.

O número de jogos de tabuleiro, quer para crianças quer para adultos, também tem vindo a aumentar gradualmente com o contributo financeiro da autarquia e dos vários patrocinadores que se têm juntado ao projeto.

A expetativa para a inauguração era grande e quem o confirma é Carlos Sousa, sócio da AJSC e principal dinamizador do projeto. “Hoje já chegaram pessoas que tiveram de aguardar por mesa porque não tinham feito marcação. A adesão foi muito melhor que aquilo com que estávamos, inicialmente, a contar”, garantiu ao Correio da Região.

Atualmente, o SamoraJogar encontra-se a funcionar todos os sábados, de manhã entre as 10h e as 13h e à tarde, entre as 15h e as 19h. Apesar de ser um projeto recente já conseguiu mobilizar um grupo de 14 voluntários, o que permite aos organizadores terem uma boa perspetiva quanto aos desafios futuros que, segundo Carlos Sousa, se apresentarão como algo inédito no município.

UM GOSTO FAMILIAR QUE RAPIDAMENTE SE ALARGOU A TODA A COMUNIDADE

Carlos e Sónia Sousa são um casal como tantos outros, mas distinguem-se pela paixão que nutrem pelos jogos de tabuleiro, gosto que partilham em família com as duas filhas, Íris e Eva, voluntárias do SamoraJogar, e com o pequeno João que, apesar da sua tenra idade, já dá os primeiros passos nesta aventura.

Ao Correio da Região, Sónia, Técnica de Ação Educativa e responsável pela vertente social do projeto, confessa que a pandemia impulsionou a que, em família, jogassem ainda mais jogos de tabuleiro e acelerou o processo de alargar o projeto à comunidade.

“Apresentámos o projeto à Associação de Jovens de Samora Correia, que nos acolheu, reunimo-nos posteriormente com o Instituto de Apoio à Criança, um dos nossos principais parceiros a par da Câmara Municipal de Benavente, e esta conjugação de fatores fez com que hoje finalmente possamos estar aqui”, adiantou.

A nível escolar, o projeto estará disponível já no arranque do próximo ano letivo em todas as turmas de 3.º ano do Agrupamento de Escolas de Samora Correia. O objetivo, segundo Sónia Sousa, é o de gradualmente abranger todas os níveis de escolaridade.

A INCLUSÃO É UMA DAS PALAVRAS DE ORDEM

Desde o início que o SamoraJogar tem procurado ser um projeto inclusivo, com o cuidado de não deixar ninguém de fora. Para isso, em julho o projeto estabeleceu uma parceria com uma produtora de jogos para pessoas com limitação visual

O rosto mais visível, para já, da inclusão neste projeto é o próprio presidente da AJSC, Luís Marta, de 29 anos, que tem 95% de incapacidade visual.

O facto de ser cego, não o fez baixar os braços e, em março deste ano, abraçou o desafio de liderar a associação juvenil de Samora Correia a que junta ao seu trabalho enquanto Massoterapeuta e auxiliar de fisioterapia numa clínica privada em Lisboa.

A abertura da Ludoteca significa, para Luís, uma aposta ganha, uma vez que defende que “Samora Correia ganha um novo espaço inter-geracional dedicado à partilha de experiências em torno dos jogos, onde famílias, amigos e conhecidos se juntam e desenvolvem novas aprendizagens e competências”, remata.

Reportagem e fotos: Edgar Correia/Correio da Região