Carlos Gonçalves, atual presidente da União de Freguesias de Alverca e Sobralinho, deu uma entrevista ao Correio da Região, onde fez um balanço dos últimos quatro anos à frente desta União de Freguesias e partilhou as suas propostas no caso de ser novamente eleito.
Que balanço faz dos últimos quatro anos à frente da UF Alverca e Sobralinho?
Um mandato muito positivo. Tem sido uma honra e orgulho servir esta União de Freguesia. Este mandato é indissociável do momento que vivemos. A pandemia deixou marcas e novos desafios, o primeiro, a importância das autarquias, poder local de proximidade na resposta às necessidades económicas e sociais da comunidade, assumimos o desafio. De mangas arregaçadas, nos momentos mais complicados, o executivo, esteve ao lado dos trabalhadores e da população.
Apoiámos o comércio local com a isenção de taxas no valor de 175 mil euros, apoiámos as famílias, realizando a impressão de trabalhos para todos os alunos da União de Freguesias, levamos os trabalhos e recolhemos, mantendo, nos períodos de confinamento, a ligação entre alunos e escola, vamos apoiar na compra de material escolar todos os alunos do primeiro ano.
Apoiámos o movimento associativo fundamental para suprir despesas quando impedidos de manter atividade e realizar receitas. Construímos sinergias com as associações, comunidade e comércio local que permitiu dinamizar ações de recolha de bens alimentares e distribuir a quem mais necessita, reforçando os apoios sociais integrados.
Apesar de todas estas dificuldades, continuámos a manter a gestão do espaço público, varrição, manutenção dos espaços verdes sob a nossa gerência e a realizar obras.
A qualidade de vida está ligada as respostas dos espaços públicos as necessidades de atividade física, fruição e relaxamento e das dinâmicas criadas atraírem pessoas as freguesias beneficiando a atividade económica local, foram os pressupostos na base das intervenções das requalificações dos espaços verdes da Quinta do Galvão, Jardim do Bairro, Alto do Moinho de Vento e Rua da Liberdade Bom Sucesso, Quinta da Vala, Rua da Aviação. Criamos o parque de jogos tradicionais na Rua Fernando Pessoa e o de Merendas na Chasa, a zona de lazer na Rua 4 de Junho e o Campo de basquete 3*3 quase concluído no Sobralinho, além de muitas outras intervenções em todas as localidades da União de Freguesias.
Concretizámos a obra que há décadas os trabalhadores aspiravam, a construção dos novos balneários. Com este novo espaço os trabalhadores passam a usufruir de todas as condições para a execução das suas missões ao serviço da população.
Ligámos a toponímia à identidade com a criação do roteiro em torno dos heróis da aviação, o memorial às vítimas do trágico acidente de 5 de maio de 1986 e o monumento ao Infante da ínclita geração, Dom Pedro e o seu fatídico destino que o ligou a Alverca.
Resolvemos problemas com mais de 30 anos, concretizamos a deslocalização do cemitério de São Sebastião, abandonado, num estado de profunda degradação que em nada dignificava a memória dos entes queridos que aí repousavam.
Afirmamos a pujança económica da União de Freguesias que contribui com 33% do orçamento da Câmara Municipal, só de IMI são 5 milhões, na freguesia ficam apenas 50 mil euros, 1% como definido na lei de financiamento das freguesias reivindicando a Câmara o aumento das transferências no âmbito dos acordos de execução para valores próximos dos outros municípios da área Metropolitana de Lisboa. A CMVFX é a que menos verba transfere para as freguesias e das que tem maior saldo gerência anualmente, sai prejudicada a população.
Reivindicamos investimento, concretizado no interface rodoviário, requalificações dos Jardins do Bom Sucesso e Álvaro Vidal, Rua da Juventude e pracetas 1 e 2 da Quinta das Drogas entre outros.
As rotundas de entrada na cidade, deixaram de estar cheias de mato, a das portagens tem o monumento ao centenário da aviação e a de acesso A1 norte/sul está a ser requalificada pela junta num protocolo estabelecido com a Infraestruturas de Portugal.
Como olha para a UF de Alverca e Sobralinho? O que ainda falta fazer nas duas freguesias?
Temos um vasto e rico movimento associativo, com mais de 27 associações, muitas sem espaço para trabalhar, há necessidade de criar a casa do movimento associativo, com espaços partilhados para reuniões e que funcionem como incubadoras nas mais diversas áreas criativas e performativas com um auditório que sirva de montra ao trabalho realizado e uma sala de exposições e conferências.
Há também necessidade de termos uma biblioteca inclusiva com área e oferta ajustada a dimensão desta união de freguesias.
A sede da Junta está localizada num emblemático edifício, contudo a sua traça histórica a sua localização não o permite dotar de acessibilidades, há necessidade de o atendimento da junta passar para um local mais central, inclusivo, enquadrado no mesmo espaço que receba as demais necessidades descritas, este conjunto de equipamentos pode ser edificado no espaço do antigo cemitério ou das abandonadas vivendas das OGMAS.
O que o motiva a recandidatar-se a mais um mandato?
Uma recandidatura é um processo que incorpora reflexão do trabalho realizado. O maior incentivo a recandidatura vem da população, do reconhecimento do trabalho realizado, da proximidade, disponibilidade e envolvimento.
Tudo resulta num sentimento de amor demonstrado pelo reconhecimento da população, “temos as pessoas certas no lugar certo” e este é, o maior incentivo à recandidatura, além de saber que há ainda muito por fazer, e certeza de continuar a afirmar o lado das soluções, sempre.
Quais são os principais problemas de Alverca e Sobralinho neste momento? Como os resolver?
Os principais problemas estão no domínio do Governo e Câmara Municipal: a falta de estacionamento, a deficiente recolha dos RSU e monos, a mobilidade e o encerramento do aterro sanitário do Mato da Cruz.
O concelho vive um estrangulamento, a freguesia não tem alternativas a N10. Fui o primeiro subscritor da petição que entrou na Assembleia da República em 2016 com mais de 5106 assinaturas e deu origem ao projeto de resolução de “Os Verdes”.
Esta petição em comissão de especialidade teve dois redatores: um do PSD e outro do PS, unanimes em considerar a abolição das portagens e construção dos nós de acesso no Sobralinho e Caniços como fator primordial de coesão. A Sr. Deputada Maria da Luz Rosinha redatora em representação do PS, rogou-se conhecedora das necessidades do concelho.
Em 2019 quando o projeto de resolução foi votado, a mesma deputada votou contra, tal como a sua bancada. Justificou o voto com a intenção do Governo investir 30 milhões de euros em acessibilidades no concelho, hoje, fala-se em 10 milhões para continuação do IC2 até Alverca.
A União de Freguesias tem uma centralidade ímpar, fator primordial para atração de investimento, a falta de mobilidade é um perigo à continuidade do desenvolvimento. Muitas empresas de logística saíram da freguesia.
Há ainda a questão do aterro sanitário do Mato da Cruz, que se perpetua no tempo. Recorde que, em 2011, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira declara interesse público municipal com alteração simplificada do PDM a exploração de uma pedreira junto do aterro do Mato da Cruz.
Sofremos todos os impactos, primeiro como lixeira da área metropolitana de Lisboa, depois como aterro sanitário, nunca, em tempo algum existiram benefícios ou compensações para tanto sofrimento!
O equipamento foi projetado com um tempo útil de vida, cada ano que é ultrapassado os riscos ambientais aumentam. Depois de vários alargamentos da data de encerramento, o objetivo é que se concretize em dezembro de 2021.
Falta ainda uma política de mobilidade para o concelho, um plano de mobilidade urbana articulado com o plano diretório municipal que compatibilize corredores para infraestruturas rodoviárias com soluções para ciclovias e caminhos pedonais.
Na gestão dos resíduos sólidos urbanos e monos, há uma notória falta de capacidade de resolução do problema. A Câmara investiu mais de um milhão de euros em dotar as ilhas de sensores para saber quanto estão cheias.
Contudo, o aumento da reciclagem não foi acompanhado do aumento dos equipamentos de receção nem de investimento em viaturas e contratação de trabalhadores.
As ilhas estão cheias, não existem meios para recolha, a população coloca o lixo no chão, não existem campanhas de sensibilização. Por mais que se varra, há sempre lixo a voar com o vento. Os contentores não são reparados nem higienizados.
Para a concretização destes objetivos é importante termos uma Câmara Municipal com vontade política de afirmação da resolução dos problemas do concelho da população e das empresas, a única força política capaz de afirmar essa alternativa é a CDU.
Quais as propostas da candidatura da CDU à UF Alverca e Sobralinho?
Os objetivos centrais da CDU para Alverca dividem-se em 3 dimensões: da competência da Junta, da Câmara e do Governo Central.
Na competência da Junta está a promoção de campanhas de sensibilização, compostagem, reciclagem e práticas responsáveis de vivências em espaço público, do estilo “lixo no chão não é reciclar”; apoiar o comercio local em ações de dinamização de rua e aumentar as áreas de iluminação de natal; dar continuidade ás Alverquiadas e criar as Sobralinhíadas na festa anual do desporto em articulação com o movimento associativo; dar continuidade aos projetos de cidadania jovem OTL, colónias de férias e campos criativos; dar continuidade ao projeto “Rua Fechada para Brincadeira”, para trazer as famílias à rua; apoiar as associações.
Com a Câmara, vamos dialogar, cooperar e exigir uma recolha dos RSU eficiente, aumento de ilhas e ecopontos, colocação de pilhómetros e equipamentos de recolha de óleos alimentares usados, recolha de monos com agendamento, lavagem de ruas e ecopontos; o fim do aterro do Mato da Cruz; a construção do passeio Ribeirinho Alverca/Sobralinho; a criação de um espaço polivalente que tenha biblioteca, sala para exposições, auditório e salas polivalentes que sirvam de incubadoras para as mais diversas atividades culturais e performativas; a requalificação da Estrada de Arcena e da Estrada dos Baltares; bem como a praceta 3 da Quinta das Drogas.
Vamos também exigir a requalificação da N10 e dotar a N10 e a N10.6 de passeios nas ligações de Alverca ao Sobralinho; o aumento das ofertas de estacionamento no Bom Sucesso, Sobralinho, Malvarosa e Bairro da Chasa; a criação de um Skate Parque e de um parque canino.
Do Governo Central vamos requerer: a isenção do pagamento de portagens no troço entre Alverca e Sobralinho para melhoria da qualidade de vida e do ar das nossas localidades até serem criadas alternativas à N10; o reforço dos centros de saúde com mais profissionais de saúde; e protocolos para trazer para a freguesia um polo de ensino superior nas áreas da aeronáutica em Alverca.
Porque é que a CDU é a alternativa certa para resolver os problemas da freguesia?
Em primeiro, os eleitos da CDU são distintivos, assumem uma tarefa que é designada por um coletivo assente no princípio de não ser beneficiado nem prejudicado, ou seja, eu sou um quadro da IBEROL que assumiu a tarefa de candidato a presidente da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, porque me foi conferida confiança na capacidade de bom desempenho com o apoio coletivo, não recebo, nem menos, nem mais um cêntimo, e terminada esta tarefa regresso à minha empresa.
Segundo, temos um conjunto de eleitos e candidatos, com provas dadas, no movimento associativo, na comunidade, nas empresas, de trabalho honestidade e competência, militantes e independentes que se revêm nestes princípios.
Terceiro, estamos na rua, nas empresas, nas coletividades, temos ligação direta ao mundo real, do trabalho, dos negócios, conhecemos os problemas, procuramos as soluções na auscultação dos interessados, da população, não estamos fechados em gabinetes, ausentes das realidades.
Espera ser novamente eleito?
Tenho a certeza de ser reconduzido. O trabalho realizado é reconhecido, é visível. Resolvemos todos os problemas? Não, ninguém resolve, os recursos são escassos, e a freguesia imensa. Quando há trabalho, envolvimento, os resultados aparecem naturalmente.