David Pato Ferreira, 29 anos, é o candidato da Coligação Nova Geração à presidência da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Em entrevista ao Correio da Região, o candidato partilhou algumas das ideias para o concelho.
Como olha para a gestão socialista da Câmara Municipal de VFX realizada nos últimos anos?
Primeiro importa dar nota de que a gestão autárquica é um exercício de médio-longo prazo, e portanto qualquer análise terá sempre que ter em conta os últimos oito a doze anos. Nesse sentido, e apesar de ser notória a melhoria em algumas áreas, nomeadamente na vertente social e de infraestruturas, a verdade é que o desenvolvimento do concelho tem ficado aquém do potencial que temos na região. E tem ficado aquém porque continuamos com uma incapacidade crónica de reter os nossos jovens, de criar emprego e habitações, e de sermos competitivos na área da Grande Lisboa. A juntar a isto, a gestão autárquica tem falhado onde é crítico que não falhe, que é na gestão de resíduos e nas acessibilidades. De uma forma geral, faltou estratégia, arrojo e proximidade, que são características típicas de quem está há demasiado tempo e demasiado confortável no poder.
Quais são as propostas da Coligação Nova Geração para os próximos quatro anos?
A Nova Geração tem mais de 50 propostas para o próximo ciclo autárquico, mas mais do que isso, quisémos desenhar uma estratégia para a década 2020-2030, que fosse estruturada e pujante de forma a sustentar as decisões politicas dos próximos anos, com um foco muito grande na captação de investimento público e privado e na criação de condições reais de habitação no concelho.
Com a divisão do concelho em eixos estratégicos (Norte – Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras, Vila Franca de Xira, Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz; Centro – Alverca do Ribatejo e Sobralinho; Sul – Vialonga, Forte da Casa e Póvoa de Santa Iria) assumimos que a mesma receita não servirá para freguesias com dinâmicas totalmente diferentes e focámo-nos em valorizar as valências positivas e corrigir alguns défices.
Uma estratégia inclusiva mas distinta zona a zona. Numa lógica mais concreta, o nosso programa tenta ser abrangente e diferenciador, onde propomos a criação de condições para fixação de Ensino Superior ligado ao Desporto e à Aeronáutica, a reconversão dos edifícios camarários para habitação a custos controlados, a devolução do IMT para jovens que comprem a sua primeira casa no concelho ou o aumento da rede e eletrificação dos transportes públicos. Cidades mais jovens, mais dinâmicas e mais verdes. É isso que queremos. Mas convido os leitores a lerem o nosso programa e a partilharem connosco aquilo que sentem.
Quais são os principais problemas de Vila Franca de Xira e como é que o David, caso seja eleito presidente de câmara, os pretende resolver?
Importa referir que ao escolherem o projeto da Nova Geração ou outro, as pessoas não estão apenas a escolher as propostas que cada um apresenta para o concelho, mas também a forma, competência e liberdade que cada interveniente terá para as implementar. Na política local, as diferenças ideológicas de cada um são praticamente irrelevantes, importando muito mais a capacidade de projetar o futuro, de defender o concelho e de desenvolver as nossas cidades e vilas.
E nesse sentido, ao renovarmos praticamente na totalidade as equipas, ao escolhermos candidatos diferentes, mas sobretudo candidatos livres de subserviências ao governo central, ao município ou a interesses pouco claros, criámos condições para uma total transparência e frontalidade. A mim não me irão ver a votar contra a abolição das portagens da A1 na Assembleia da República, quando votei ao contrário na Assembleia Municipal, como fizeram outros candidatos que são ao mesmo tempo autarcas e deputados. Esse é o meu compromisso. Um compromisso de defender o concelho de Vila Franca de Xira até ao último instante.
De que forma é que a Coligação Nova Geração poderá ser uma alternativa aos socialistas na Câmara Municipal?
Se os munícipes estão felizes com o concelho, com aquilo que temos evoluído e temos para oferecer, com a gestão de resíduos ruinosa, com a falta de estacionamento gritante ou com o êxodo dos nossos jovens para concelhos limítrofes, então não votem na Nova Geração. Não somos um movimento para aqueles que estão satisfeitos, acomodados ou amarrados ideologicamente ou ao poder autárquico.
A Nova Geração é a única alternativa moderna, inovadora e diferenciadora à gestão do PS na Câmara Municipal. Pelo que propomos, pelas pessoas que compõem este projeto mas sobretudo pela heterogeneidade que caracteriza este movimento. Não queremos perpetuar-nos no poder e portanto todas as nossas propostas são exequíveis e respondem a problemas concretos. Livre de vícios, e cheios de vontade de levar o nosso concelho para um patamar de desenvolvimento alinhado com os concelhos de referência no nosso país. Dito isto, a alternativa na forma de estar, pensar e projetar o futuro é a Nova Geração. Convido as pessoas, os nossos concidadãos, a arriscarem. A darem voz a outros.
Como olha neste momento para o concelho de Vila Franca de Xira?
Olhamos com muita ambição mas sobretudo muita vontade. Com o nosso posicionamento geográfico, a nossa ligação ao rio, a nossa proximidade a Lisboa, o nosso equilíbrio urbano-rural e com a nossa heterogeneidade de gentes temos um potencial enorme por explorar. É nesse potencial, naquilo que podemos ser que nos devemos focar. E é isso que temos tentado fazer.
No entanto, é inegável que o nosso concelho entrou numa letargia, um estado de dormência preocupante. Em que nos habituámos à mediocridade das ideias, da gestão dos recursos públicos, da morosidade dos processos camarários e do constante afastamento entre os decisores e as populações. E isso leva a que o eixo Lisboa – Cascais cada vez se afaste mais do eixo Lisboa – Vila Franca de Xira, no que refere ao desenvolvimento, ao investimento e à captação de pessoas.
Essa realidade é triste mas não irreversível e portanto não devemos ter complexos de inferioridade face a outros territórios, nem assumir que a realidade que vivemos é crónica e inalterável. Podemos e devemos fazer muito mais. E relembro, ao contrário do que tentam fazer querer, ninguém ganha ou perde eleições antes dos votos serem contados, e portanto, terão que contar connosco. Seremos a voz de todos aqueles que quiserem um futuro diferente.